Por Andrea Guedes Para compreender a disfunção, é preciso dissociar a ejaculação do orgasmo. De acordo com o urologista Joaquim de Almeida Claro, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), fisiologicamente são dois processos diferentes que podem ocorrer juntos ou não. A falta de ejaculação está mais relacionada com problemas físicos. "Depois de algumas cirurgias, como para a retirada do câncer de próstata por exemplo, o homem pode não ejacular mais", explica Joaquim. Nesse caso, dependendo de como o indivíduo encare o problema, a falta da ejaculação pode afetar o prazer. "Alguns homens se sentem feridos em sua virilidade quando não ejaculam mais", afirma o urologista. Já a ausência da descarga energética que vem com o orgasmo está associada, principalmente, a pressões psicológicas, como stress, problemas sociais e econômicos e a cobrança feminina de que o homem seja sexualmente ativo. "Hoje, a mulher reclama do sexo, cobra mais do parceiro, o que era raro há alguns anos", lembra Risman. Talvez por isso, eles estejam procurando mais os consultórios. "O percentual de homens que chegam com essa queixa ainda é pequeno, mas para mim é um número expressivo porque a anorgasmia não era um problema comum", destaca Risman. Joaquim concorda. "Embora não seja uma queixa tão freqüente, ela tem aparecido aparecendo mais". Para o sexólogo, que leciona na Universidade Aberta à Terceira Idade (Unati) da Uerj, outras questões podem infuenciar na falta de prazer masculino. Uma delas são as novas relações efêmeras, como o "ficar". "Eu duvido que um homem que 'pegue' uma mulher sinta prazer", questiona. Segundo ele, se o homem reclama que não atinge o clímax, é porque se conscientizou de que uma relação sexual vai muito além de pênis ereto e ejaculação. "A sexualidade não é explorada de forma inteira. Nas relações em que não existe intimidade, não há a preocupação de conhecer o corpo do parceiro e dar prazer a ele", diz. A vaidade masculina exagerada também pode tornar-se patológica e afetar o orgasmo deles. "O indivíduo passa a se fechar tanto nele mesmo que não tem prazer com mais ninguém, a não ser com ele". Segundo Joaquim, no tratamento da anorgasmia pode-se usar mão do aumento da dosagem da testosterona, de acordo com a causa. Mas, como na maioria dos casos o distúrbio está relacionado com a mente, a psicoterapia tem dado bons resultados. "O objetivo é fazer com que o homem volte a ter sensibilidade, e pare de agir mecanicamente", conclui Risman. |