A propósito da interessante
campanha institucional recentemente desencadeada por um dos concorrentes
do grupo Santander Banespa, apoiada no alto nível artístico e profissional do
internacional Cirque du Soleil, que fez diversas apresentações
no Brasil, não posso deixar de ironizar duas circunstâncias atuais,
vivenciadas no âmbito de nossas relações internas:
Primeira
circunstância:
Desejo cumprimentar e agradecer aos
ex-melhores jogadores do mundo, por terem causado uma enorme surpresa
ao grupo Santander-Banespa, após embolsar grande quantia em dólares
para emprestar suas grifes profissionais à campanha
publicitária com a qual o grupo pretendia colar à sua imagem a
de melhor banco do mundo.
Ocorreu que, na hora de honrar
seus compromissos, os melhores acabaram se comportando de
forma vergonhosa e antiesportiva em campos da Alemanha, fazendo com
que a classe dos aposentados e pensionistas do Banespa, embora sentindo a
mesma frustração de todos os brasileiros, não conseguisse
disfarçar sorrisos furtivos de satisfação, por entender que tais atletas
acabaram fazendo com que o grupo financeiro espanhol também
saboreasse o gosto amargo do desencanto.
Assim, aquilo que deveria
servir de positivação de imagem, acabou se transformando em correria
para retirar às pressas da mídia peças publicitárias, posters,
banners e outdoors, dando por encerrada aquela ambiciosa aspiração e
tendo que engolir em seco o prejuízo causado pelo dinheirão aplicado na
frustrada campanha.
Segunda
circunstância:
Desejo parabenizar o grupo
Santander-Banespa, por não precisar desembolsar novamente tanto dinheiro, para
contrapor a bela campanha do banco concorrente, de vez que já conta em
sua estrutura interna com a classe dos aposentados e pensionistas,
transformados por ele mesmo numa maravilhosa companhia de artistas
internacionais, denominada Cirque des Retraités, ou Circo dos
Aposentados, na qual se destacam equilibristas, malabaristas,
ginastas, trapezistas e atores diversos, obrigados a sobreviver de forma
fantástica com suas complementações, congeladas desde o mês de setembro
de 2000 e até que a Justiça finalmente se restabeleça.
Na verdade, por ocasião da
aquisição do antigo banco estadual, o grupo Santander-Banespa deixou
escapar preciosa oportunidade para o estabelecimento de uma
parceria, a um só tempo de reciprocidade e alavancagem na venda de
seus produtos, na qual poderia vir a contar com a ajuda de parcela
considerável dos aposentados e pensionistas, os quais saudavam com
simpatia sua vitória no leilão, após ver naufragar a luta em prol da não
privatização do Banco.
Conheço vários colegas aposentados,
muitos dos quais ex-gerentes de agências do velho Banespa, os quais, à
época, se prontificavam em defender junto a familiares, amigos e
empresas de seus relacionamentos a boa imagem e a ampliação de negócios,
para consecução de metas de desempenho por parte do novo banco.
Ao invés disso e a exemplo
da surpresa que o grupo experimentou ante o que acabou
acontecendo em campos alemães, a classe dos aposentados e
pensionistas também se sentiu surpreendida pelo golpe baixo da
verdadeira engenharia sindical, jurídica e financeira montada para
lhe usurpar direitos trabalhistas, estabelecendo-se assim a
nova ordem das relações que então se desenhavam.
E acabou dando no que deu: todo
mundo tendo que buscar na Justiça o restabelecimento de
sua dignidade; todos no palco da nova realidade, num autêntico
Circo dos Aposentados, representando com
muito profissionalismo papéis reservados apenas aos artistas de
renome internacional, como os do Cirque du Soleil, principalmente os
de equilibristas de saldos devedores do cheque especial e
malabaristas de insuficientes complementações de
aposentadorias.
Menos os de palhaços, até
porque estes, embora igualmente dignos, não desempenharam papel relevante
entre as atrações que a famosa companhia canadense trouxe para o
Brasil.